No Manual Político da UDT de 1974, o partido traçava os princípios orientadores da política a ser seguida tendo como objectivo a independência de Timor.
A UDT acompanhou a evolução imposta inexoravelmente pela marcha do tempo mas, passados 33 anos, os princípios da União Democrática Timorense continuam válidos.
Orgulhamo-nos da visão política dos fundadores do nosso Partido; Orgulhamo-nos justamente da nossa História; saudamos os fundadores, os filiados e simpatizantes da UDT; recordamos todos os que foram torturados nas prisões em 1975 e durante o tempo da ocupação indonésia; prestamos sentida homenagem a todos os que deram a vida pelos ideais da União Democrática Timorense, tendo sido barbaramente assassinados no conflito interno de 1975.
Apresentamos de seguida algumas passagens do Manual Político da UDT.
Parte I
PRINCÍPIOS
(In Manual Político da UDT, 1974)
1.2.1 “Razão de ser do Partido
1. Há cerca de cinco séculos o povo de Timor-Díli vive sob o colonialismo. Foram séculos de obscurantismo, de opressão, de ignorância e de miséria em que Timor-Díli e o seu povo pouquíssimo caminharam na senda do progresso, mantendo-se, em todos os aspectos, na retaguarda de quase todos os povos do Mundo.
2. Movimento das Forças Armadas Portuguesas, pela sua arrancada heróica de 25 de Abril de 1974, deu novas nações ao mundo. Restituiu as liberdades que, em termos verdadeiramente democráticos, o povo de Timor-Díli talvez nunca tivesse conhecido.
3. Foi a 11 de Maio de 1974 que a União Democrática Timorense se formou e, como primeiro partido político de Timor após o 25 de Abril, apareceu na cena política Timorense.
4. São suas grandes linhas:
Ø direito à Independência de Timor, o qual defenderá intransigentemente;
Ø repúdio à integração de Timor Lorosae em qualquer potência estrangeira;
Ø A Paz;
Ø A Justiça Social – com absoluta prioridade para condições de base das populações esquecidas, sofredoras e com um menor grau de desenvolvimento (alimentação, saúde, habitação, educação, segurança social, aliada a um melhor grau de produtividade);
Ø A subordinação do bem particular ao bem geral.
1.2.2 Em que se inspira
5. A UNIÃO DEMOCRÁTICA TIMORENSE pretende seguir uma linha de orientação política viável em Timor-Díli, onde possam coexistir na solidariedade, os ideais da liberdade, da igualdade e da dignidade da pessoa humana. Empenhar-se-á na destruição do monopolismo e na eliminação das diferenças de privilégios de classe na Comunidade Timorense. Esta linha nunca será concebida como corpo dogmático mas antes permanentemente repensada como guia para a acção.
6. A UNIÃO DEMOCRÁTICA TIMORENSE reconhece a validade do esforço dos cristãos no empenho pela construção em Timor-Díli de uma sociedade mais justa, mais humana e verdadeiramente Timorense.
7. No entanto, enquanto Movimento de Libertação, a UDT congrega todas as tendências políticas inspiradas nas realidades e nas mais profundas e legítimas aspirações do Povo de Timor-Díli, desde que não comprometam a paz interna e a estabilidade dos países da área geográfica, para se atingir o objectivo final: A INDEPENDÊNCIA TOTAL DE TIMOR-DÍLI”
IDEÁRIO
(In Manual Político da UDT, 1974)
“A UNIÃO DEMOCRÁTICA TIMORENSE não significa uma minoria de indivíduos que pretendem assegurar os seus interesses pessoais, ludibriando o bom Povo com argumentos falaciosos ou falhos de verdade e preconizando soluções apressadas e utópicas para o futuro de Timor-Díli. Não. É sim uma corrente de opinião válida que adopta desde a primeira hora, como linha mestra da sua orientação política e dos seus contactos com o Povo, a Verdade, a Sinceridade e a Pureza dos seus Princípios e Objectivos. A UNIÃO DEMOCRÁTICA TIMORENSE confia no Povo de Timor-Díli e pugnará, com todas as suas forças, pela independência de Timor-Díli e pela realização dos Princípios e Objectivos que defende, para o bem-estar, sossego e harmonia do Povo.
Em suma, a UNIÃO DEMOCRÁTICA TIMORENSE pretende:
1) Lutar pela Libertação do Povo de Timor-Díli, para o que entende necessário e urgente:
1.1 Erradicar totalmente o colonialismo e precaver-se contra todas as suas formas e manifestações;
1.2 Encarar com força e dinamismo a alfabetização do Povo de Timor-Díli;
1.3 Proceder à reformulação do ensino em novos moldes;
1.4 Eliminar todas as estruturas administrativas e sociais caducas de cunho colonialista;
1.5 Criar estruturas democráticas que sirvam os verdadeiros interesses do Povo.
2) Lutar pela Paz, em Timor-Díli, pela igualdade e pela liberdade do Povo. A UDT é amante da Liberdade e da Paz. Todas as pessoas nascem livres e iguais na dignidade da pessoa humana com iguais direitos e deveres. Nada deve coarctar a sua liberdade senão a lei, esta sempre elaborada de acordo com os mais íntimos interesses éticos e espirituais do Povo Timorense.
3) Trabalhar pelo desenvolvimento integral do Homem Timorense. O Povo é a pedra de toque, pois o que define uma Nação é o Povo e a sua Cultura. A UDT, fiel à sua linha de rumo, empenhar-se-á pela promoção acelerada do desenvolvimento social, económico, cultural e político do Povo Timorense, para que Timor seja uma verdadeira Nação no concerto internacional, combatendo, na primeira linha de acção, o analfabetismo;
4) Precaver-se activamente e lutar contra formas de neocolonialismo, bem como contra todas as correntes ideológicas que comprometam ou possam comprometer a Paz interna e a Estabilidade dos países da área geográfica em que Timor se insere.
5) Empenhar-se na defesa dos direitos dos trabalhadores e de todos quantos lutam por uma colectividade timorense livre, solidária, democrática e humana.
6) A aceitação e observância da Declaração Universal dos Direitos do Homem, reconhecendo-a como documento do mais alto valor e significado para a Humanidade.
7) A integração, em pé de igualdade, da República de Timor-Díli numa comunidade de expressão lusíada.”
In Manual Político da UDT de 1974.
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