sábado, 18 de agosto de 2007

A UDT está de luto

Realizou-se hoje o funeral de Francisco Alberto Carlos, vice-presidente do Conselho de Jurisdição Nacional da UDT, cargo para o qual foi eleito no III Congresso realizado em Díli em Junho de 2003.
Francisco Carlos foi feito prisioneiro em Same no ano de 1975 pela FRETILIN. Mas conseguiu escapar à morte, mercê da generosidade de um amigo que o ajudou a evadir-se da prisão.
Há mais de três anos que o Sr. Chico estava gravemente doente, mantendo-se contudo sempre interessado na vida do partido.
A UDT perdeu um dos seus mais insignes filiados. Mas Francisco Carlos deixa o seu nome na história da UDT. E o seu exemplo de udetista interventor, convicto, de rija têmpera e corajoso será certamente um modelo a seguir por todos nós.
Até sempre, Sr. Chico!

sábado, 11 de agosto de 2007

O Movimento de Onze de Agosto de 1975


Hoje, como há 33 anos, a UDT procura a solução dos problemas, pugna pela defesa de todos os timorenses independentemente da raça, cor, religião, ideologia e direitos civis e políticos, aceita e observa a Declaração Universal dos Direitos do Homem, reconhecendo-a como documento do mais alto valor e significado para a Humanidade.

Na UDT defende-se a paz, a igualdade e a liberdade do Povo porque se entende que “todas as pessoas nascem livres e iguais na dignidade da pessoa humana com iguais direitos e deveres e nada deve coarctar a sua liberdade senão a lei, elaborada de acordo com os mais íntimos interesses éticos e espirituais do Povo Timorense”.

O Homem Timorense merece que se defenda o seu “desenvolvimento integral” e, sendo seu entendimento que “o Povo é a pedra de toque, pois o que define uma Nação é o Povo e a sua Cultura”, a UDT empenha-se na “promoção do desenvolvimento social, económico, cultural e político” desse povo, batalhando pelos direitos dos trabalhadores e pela construção de uma sociedade livre, solidária, democrática e humana.

São princípios da UDT. São as linhas que desde 1974 norteiam o mais antigo partido timorense! E, contudo, passados 33 anos a mensagem continua actual! E, contudo, hoje, como há 33 anos a intolerância continua a fazer parte do comportamento de alguns timorenses. Infelizmente, hoje, passados cinco anos sobre a independência, Timor vive um dos períodos mais tristes da sua curta história enquanto país! Os incidentes que se sucedem em vários distritos, transportam-nos para um outro tempo de intolerância que gostaríamos de ver arredado do nosso querido Timor!

Nos tempos idos de 1975, os ventos não estavam de feição para o surgimento de movimentos moderados e a UDT foi marginalizada pelo novo Governo da província de Timor, apostado em implementar tão depressa quanto pudesse as novas linhas de orientação emanadas pelo governo português, contribuindo para aquilo a que mais tarde, de forma brilhante e sarcástica o historiador António José Saraiva apelidou lucidamente de “debandada de pé descalço”.

O descontentamento com o rumo da política, particularmente com a intervenção de alguns militares portugueses - mais interessados em fazer vingar as suas novíssimas teorias revolucionárias de Esquerda do que em bem descolonizar Timor - origina uma onda de revolta popular e, em 1975, a UDT, insurge-se contra o estado das coisas protagonizando o Movimento de Onze de Agosto, erradamente apelidado de “Golpe”.

No dia em que passa mais uma no sobre a data em que a UDT se levantou para salvar o país, é nosso dever recordarmos todos os udetistas que tombaram pela UDT, pela defesa das suas convicções e pelo bem de Timor!

Assinalamos o 32º aniversário do Movimento de Onze de Agosto com a trasncrição do artigo publicado no semanário Lia Foun - sob o título" A História não se apaga: Foi há trinta anos o Movimento de Onze de Agosto" - aquando dos 30 anos desta data histórica, recorrendo apenas a necessária actualização da data da ocorrência.


"Quando, há trinta e dois anos, a UDT levou a cabo o Movimento de 11 de Agosto não imaginava que a sua tentativa de corrigir a tortuosa descolonização do então Timor português tivesse um desfecho tão sangrento.
Numa altura em que se fala até à exaustão de reconciliação, mesmo sabendo que apenas diz respeito aos desmandos dos ocupantes indonésios - e quando os mais altos dignitários do país apostam nela como caminho para se chegar à verdade -, quando se aposta na omissão da justiça ou no adiamento da sua execução, é urgente falar-se da verdade, mau grado todos saibamos da incomodidade dessa verdade.
“Sobre o conflito político de 1974-1975, cabe a cada partido político escrever a sua história, preenchendo-se a lacuna que se sente para uma análise conscienciosa na viragem política verificada em Timor, a partir do 11 de Agosto de 1975, com a implementação da guerra civil, aproveitada pela Indonésia para invadir e anexar Timor, desfraldando-se os crimes que se registaram”, diz Lúcio Encarnação.
Para o então Administrador do Concelho de Ainaro, “como timorense e vítima dessa guerra civil, quero apenas historiar o que sofri como dito prisioneiro político nas masmorras criadas pela FRETILIN, para apuramento das responsabilidades cabidas aos líderes políticos virados criminosos de guerra com garras de verdadeiros assassinos”.
Os testemunhos das vítimas de 1975 são dramáticos, deles transparecendo as mágoas pelo sofrimento que lhes foi infligido esmagando o direito humano de defesa de convicções políticas individuais.
A crueldade desse confronto fratricida ultrapassou o humanamente expectável, ainda nada está totalmente esquecido, mas, considerando que a Nação deve ser construída em paz e pela paz, tem-se feito um esforço sobre-humano para esquecer as mágoas, mesmo que do outro lado nem sempre tenha prevalecido a tolerância e nem sempre haja a coragem suficiente para o indispensável reconhecimento do erro de 1975.
Quando em Dezembro de 2003, na sessão do CAVR sobre os acontecimentos de 1975, o actual presidente da UDT e operacional do Movimento de 11 de Agosto, João Viegas Carrascalão, perante o lavar de mãos e a desresponsabilização de muitos intervenientes, entendeu, por bem, chamar a si a responsabilidade do que então se passara nesse ano longínquo, fez-se um apelo à verdade e os dirigentes da FRETILIN presentes reconheceram a sua quota parte de responsabilidade nesse conflito.
Impunha-se que Portugal compreendesse como uma inevitabilidade a independência das suas colónias e a preparasse gradual, segura e cuidadosamente e nunca desastrada nem descuidadamente.
Contudo, com o advento do 25 de Abril de 1974, os militares progressistas do Movimento das Forças Armadas que acompanhavam o novo governador, brigadeiro Lemos Pires, animados pelo espírito novo da Revolução, tentavam implementar medidas desajustadas sem nenhuma preocupação pela especificidade timorense, na ânsia de terminar com o denominado império ultramarino resultante do salazarista “Portugal do Minho a Timor”.
Contaram para isso com os estudantes universitários entretanto regressados da “Metrópole”.
Do outro lado, estava a conservadora sociedade timorense.
Se, por um lado, os tempos eram de paixão revolucionária e os voluntariosos líderes políticos da altura estavam na flor da idade e relativizaram as repercussões das suas atitudes, por outro lado, a pressa na descolonização denominada pelo historiador António José Saraiva como a “debandada do pé descalço” semeou o veneno que haveria de originar o Onze de Agosto de 1975.
Persiste o mal entendido sobre a natureza deste “movimento”; há quem force a história falando de “golpe de estado”. Só que não houve nenhuma tentativa de tomar o Poder. Aliás, citando João Carrascalão, “nunca poderia ter havido um golpe que só existe quando há uma acção contra o Poder instituído e nunca esteve nos objectivos da UDT nenhuma tentativa de tomada do “Poder instituído”.
Não quer dizer que o Poder não tenha sido oferecido de bandeja à UDT, para o que citamos Domingos Oliveira, um dos fundadores históricos do partido e seu Secretário-Geral até 2003, que refere que “a situação deteriorou-se e o governo português fez um ultimato à UDT no sentido de assumir o governo e todas as responsabilidades da nova situação ou desarmar-se” tendo a UDT recusado “esclarecendo mais uma vez que o Movimento englobava todos os partidos políticos e nem a independência imediata e nem a formação de um governo timorense eram o seu objectivo”.
Pretendia-se apenas que “os pára-quedistas tomassem conta do paiol e destacamento militar, a Polícia Militar passasse a controlar a cidade, o Governador assumisse as responsabilidades da cimeira de Macau e que, se isto acontecesse não só ela (a UDT), mas todo o Movimento desarmariam e entregariam o seu armamento à Polícia Militar”.
Parafraseando alguém, o Movimento de 11 de Agosto foi “uma reacção lógica ao rumo dado pela Descolonização e uma tentativa de travar o fim para o qual os ambiciosos, irresponsáveis ou os mal intencionados governantes empurravam Timor” e surgiu devido aos desmandos de quem julgava ser possível a independência numa orgia de revolucionarismo radical, com a implementação da prática das “zonas libertadas” sob controlo da FRETILIN onde, entre outros factos, se prendia e se cobravam tributos.
Soa a exagero a busca de muitos na sistemática tentativa de responsabilização da UDT na invasão indonésia, atribuindo-lhe uma falsa influência junto das grandes potências quando, na prática e no terreno, são os mesmos que diminuem e lhe retiram qualquer representatividade. Conhecendo a força dos EUA no Mundo é fácil perceber-se que não era necessária a intromissão de ninguém para o aval à invasão indonésia.
Domingos Oliveira, no depoimento ao CAVR (Comissão de Acolhimento Verdade e Reconciliação) considera que “As relações cada vez mais tensas entre a UDT e a FRETILIN, a passividade do governo de Lemos Pires, bem como a execução fiel pelos majores Mota, Jónatas e outros oficiais da vontade do governo central de Lisboa em abandonar de qualquer maneira Timor; as ameaças constantes da invasão indonésia e a pressão exercida pelos próprios adeptos da UDT sobre os seus dirigentes, obrigaram-nos a pensar seriamente numa tomada de posição que conduzisse à paz e harmonia entre todos os timorenses, obrigasse Portugal a ficar o tempo julgado necessário pelos timorenses para uma preparação adequada ao exercício consciente do seu direito a autodeterminação e destruísse todos os pretextos da Indonésia para invadir Timor.”
Aliás, já desde o tempo anterior a 1974, se sabia que Timor exercia um terrível fascínio sobre o Poder indonésio que não se inibia de demonstrar publicamente o seu apetite pela meia ilha timorense. Por outro lado, a Indonésia, potência regional, contava com o apoio americano na luta contra o comunismo: era preciso refrear os ânimos e não lhe dar nenhuma hipótese de se lançar sobre Timor.
E se hoje é tão claro, tão lógico e tão absolutamente fundamental atentar-se nas relações de boa vizinhança com o nosso poderoso vizinho como forma de salvaguarda dos nossos interesses, levando-nos a enveredar por caminhos que não são totalmente do agrado popular em defesa da reconciliação independentemente da justiça, só mesmo os verdes anos da classe dirigente da FRETILIN podem servir de fundamentação para a falta de perspicácia no entendimento do ávido apetite indonésio por um qualquer rincão onde se vislumbrasse uma réstia de fervor comunista.
É ainda Domingos Oliveira que explica a percepção desse apetite imperialista sobre o território quando dois dirigentes da UDT se deslocaram em visita a Jacarta “onde na companhia do Presidente do Comité Central, Lopes da Cruz, se avistaram com o general Ali Moertopo a quem expressaram a total discordância da afirmação de Suharto de que Timor só tinha duas opções: integração na Indonésia ou ligação a Portugal e a firme determinação do seu partido fazer tudo para a independência”.
No dia 10 de Agosto, a UDT decidiu-se por “uma tomada de posição que envolvesse todos os timorenses para a paz e harmonia”. Em reunião com a Comissão de Descolonização foram definidos os objectivos e prestados todos os esclarecimentos sobre a natureza e o envolvimento de outras forças no Movimento que defendia a independência através de um processo adequado de descolonização, culminando num referendo.
No dia 11 o Movimento estava na rua. Sem apostar na independência imediata, “não era contra a administração portuguesa nem contra a FRETILIN, mas defendia a unidade do povo, com uma frente única que integraria todos os partidos independentistas, incluindo a FRETILIN, depois de expurgada dos seus elementos marxistas ou extremistas”.
Lemos Pires tentou mas nunca houve conversações com a FRETILIN que apresentou - no entender da UDT - uma série de condições inaceitáveis, ao mesmo tempo que se sucediam as cenas de violência, com assassinatos de elementos da UDT.
A 18 de Agosto os representantes do Movimento e sargentos timorenses emitiram um comunicado em que se apelava à unidade, se recusava o comunismo e se reiterava o objectivo da autodeterminação e independência, mas estava já em marcha o contra ataque da FRETILIN, com o apoio de alguns militares portugueses, dando-se início a uma luta fratricida de que resultaram milhares de mortos.
De entre os militares portugueses, sobressai o abandono de Timor à sua sorte com a fuga do governador para o Ataúro; dois militares tomaram o partido da UDT e, se ficaram de bem com a sua consciência, acabaram por pagar bem caro a sua escolha. O capitão Vasco Lino da Silva, comandante da companhia de Lospalos, engrossou o número de refugiados em Atambua. Foi marginalizado e a sua reintegração no exército português deu-se muitos anos depois do regresso a Lisboa. Menos sorte teve o tenente-coronel Maggiolo Gouveia, comandante da Polícia, levado para Aileu onde acabou por sucumbir aos maus tratos.
Muitos dos dirigentes da UDT foram impiedosamente castigados, chacinados por defenderem os seus ideais políticos como foi o caso de César Mouzinho, Vasco Senanes, António Araújo, Agapito Mariz e Fernando Luz.
Os prisioneiros políticos da UDT, KOTA, TRABALHISTA e APODETI, foram barbaramente torturados, massacrados, enterrados vivos em valas comuns em Aileu, Maubisse ou Same .
Os sobreviventes remetem-se ao silêncio e procuram conviver com os seus algozes.
Forçada a recuar para o território indonésio de Atambua, acompanhada por milhares de refugiados (tendo aí a APODETI aderido ao MAC – Movimento Anti-Comunista, formado pela UDT, o KOTA e o Partido Trabalhista) a UDT fez uma longa e dolorosa travessia no deserto, arrastando consigo o ónus da invasão e posterior ocupação estrangeira que, em boa verdade, lhe é alheia, antes pertence a quem entendeu ser possível implantar em Timor políticas de outras realidades diversas e a quem teve uma terrível falta de tolerância e respeito pelas opções políticas de cada um.
Um ponto controverso da passagem da UDT pela Indonésia tem a ver com a declaração de Balibó, assinada por alguns elementos da sua liderança. No entanto, talvez fosse um gesto de generosidade e de elementar justiça reconhecer-se que o documento foi assinado sob pressão, um bocado à semelhança do que aconteceu com Xanana Gusmão quando, após ter sido preso, proferiu o que não pretendia e todos entenderam dever-se à pressão militar indonésia.
A estruturação da sociedade timorense passa pelo adormecimento dos crimes, mas impõe-se que haja a consciencialização desses crimes. Só assim será possível construir solidamente a Nação timorense, só desta forma as vítimas sentirão a igualdade de direitos num Estado que se quer de direito."

///

Um pouco por todo o Mundo onde há Udetistas, se recordou o Movimento de Onze de Agosto. O espírito desse dia histórico mantém-se vivo em todos nós que acreditamos e somos da UDT.

Transcrevemos as mensagens de dois Udetistas convictos.

De José Luís Valadares, de Darwin...

”Faz hoje 32 anos do Movimento de 11 de Agosto. Lembro me desse dia como se fosse hoje. Os acontecimentos actuais em Timor são idênticos aos de 32 anos atrás isto e a violência, as intimidações e os assassinatos a quem não tivesse do lado deles. A inactividade do governo da altura em nao manter a ordem e proteger os indefesos forçaram o aparecimento do 11 de Agosto. Para nos Udetistas e também um dia de reflexão sobre o partido.

Abraços a todos

José Luís”


... e de António José Pinto, de Cairns

“Caros amigos, sim foi esse dia que mudou o rumo de Timor para o principio da libertação e não aos usurpadores do poder, dos quais alguns ainda estão emTimor, a UDT pôs Timor nas paginas internacionais ao iniciar o Movimento. Vamos reflectir e rezar pelas almas dos nossos irmãos que foram assassinados em Aileu e outros lados, os quais o único pecado eram de ser filiados da UDT.

um abraço a todos

Toze Pinto”




sábado, 4 de agosto de 2007

O Presidente da UDT, João Carrascalão, atacado na Rotunda do aeroporto de Comoro

“Lisboa, Timor-Leste 03/08/2007 17:50 (LUSA)

Lisboa, 03 Ago (Lusa) - Jovens apedrejaram quinta-feira à noite em Díli, junto ao aeroporto, a viatura em que seguia o presidente da União Democrática Timorense, João Carrascalão, acompanhado da mulher, disse à Lusa aquele dirigente partidário.
Contactado telefonicamente a partir de Lisboa, João Carrascalão precisou que a sua mulher, Rosa Carrascalão, teve de receber tratamento no Hospital Nacional Guido Valadares a um ferimento provocado por uma lasca de vidro num olho.
"Eu estava a regressar a casa, depois de ter jantado em casa da minha irmã, Maria Ângela, e ao passar na rotunda de Comoro, deparei com um grupo de jovens que tinha erguido barreiras na estrada", disse João Carrascalão à Lusa.
Os jovens, presumivelmente pertencentes ao campo de refugiados de Comoro, junto à principal entrada do aeroporto Internacional de Díli, ergueram as barreiras na estrada com pneus e a carcaça de um carro a arder.
Após os incidentes, efectivos da polícia da ONU acorreram ao local, tendo disparado vários foguetes luminosos para afastar os jovens do local. Não foram efectuadas detenções.
O incidente com João Carrascalão ocorreu cinco dias depois de várias viaturas terem igualmente sido apedrejadas no mesmo local, incluindo o carro em que seguia Mário Viegas Carrascalão, irmão do presidente da UDT.
Mário Viegas Carrascalão preside ao Partido Social Democrata, formação partidária que integra a Aliança para a Maioria Parlamentar (AMP), coligação pós-eleitoral de que fazem parte o CNRT, de Xanana Gusmão, o Partido Democrático, de Fernando Lasama e a Associação Social Democrata Timorense, de Xavier do Amaral.
A capital timorense tem sido palco nos últimos dias de incidentes opondo partidários da Fretilin, o partido que venceu as legislativas de 30 de Junho mas sem obter maioria absoluta, a simpatizantes dos partidos da AMP, mantendo elevado o nível de tensão que rodeia o anúncio por parte do Presidente José Ramos-Horta sobre quem vai incumbir de formar o IV Governo Constituciona
A designação do futuro primeiro-ministro tem sido sistematicamente adiada, devendo Ramos-Horta fazer o anúncio na próxima terça-feira, noticiou na quinta-feira a televisão estatal.”

sábado, 14 de julho de 2007

O anúncio da Liga Democrática Progressiva

Foi ontem assinada em Díli a declaração de princípios para a constituição de uma plataforma política entre os seis pequenos partidos sem assento no Parlamento Nacional.
A União Democrática Timorense (UDT), o Partido Democrático Cristão, (PDC), o Partido Milleniun Democrático (PMD), o Partido Socialista de Timor (PST), o Partido Democrático da República de Timor (PDRT) e o
Partido Nacionalista Timorense (PNT) uniram-se numa Liga Democrática Progressiva (LDP) com o objectivo claro de se prepararem como uma alternativa credível aos actuais partidos com assento parlamentar.
João Viegas Carrascalão e Cipriano Gonçalves, respectivamente, presidente e vice-presidente do CSP da UDT, bem como os presidentes e secretários-gerais dos outros partidos assinaram o documento constitutivo da Liga. Ausente da cerimónia esteve o líder do PNT
que se encontra no estrangeiro, devendo assinar o documento posteriormente, juntamente com a sua vice-presidente.
Representado 10 % de eleitores, tantos quantos os votos conquistados nas eleições legislativas de 30 de Junho passado e ciente de que a participação na vida política não se esgota no Parlamento, a LDP assume a responsabilidade
de pugnar pelas justas aspirações do povo; a Liga entende que todos os partidos têm obrigação de contribuir para o desenvolvimento do país, construir uma democracia estável e saudável que seja a base de uma sociedade nova, com mais justiça social e melhor qualidade de vida.
Avelino Coelho, Secretário-Geral do PST e porta-voz da Liga esclareceu que esta se apresentará como um todo, garantindo-se a existência de cada partido que manterá, obviamente, a sua identidade própria. Aliás, acrescentou o porta-voz, a Liga só será forte se os partidos que a constituem forem fortes de forma a que a Liga saia enriquecida com as sinergias de cada partido.
Estão a ser ultimados os Estatutos da Liga que serão aprovados em Convenção em data a ser oportunamente anunciada.

domingo, 8 de julho de 2007


Resumo de notícia difundida ela agência Lusa:

Os sete partidos sem assento no próximo Parlamento formaram uma plataforma política e encaram formar uma coligação em caso de eleições antecipadas.
"Reunimos duas vezes entre os partidos sem assento parlamentar e constituímos uma plataforma de representação e participação", declarou hoje à Lusa o secretário-geral do Partido Socialista de Timor, Avelino Coelho.
"Em caso de eleições antecipadas, encaramos a possibilidade de concorrer em coligação".
O nome da plataforma ainda não está decidido mas um dos nomes em discussão é Perspectiva Democrática.
Dos 16 partidos (quatro deles em duas coligações) que concorreram às eleições legislativas de 30 de Junho, apenas sete conseguiram ultrapassar a quota mínima de elegibilidade de deputados, que é de 3 por cento.
Os outros partidos, que em conjunto representam cerca de 36 mil votos, pretendem com a nova plataforma "apresentar propostas e contrapropostas, com ideias alternativas" às que saem do espectro parlamentar.
"Mesmo que, legalmente, os votos dos pequenos partidos sejam transferidos em favor dos outros na distribuição dos assentos, politicamente continuam a ser votos que não estão representados no Parlamento", explicou Avelino Coelho à Lusa.
"As prioridades de governação, segundo a nova plataforma, são a solução dos problemas do major Alfredo Reinado, dos peticionários e dos deslocados", adiantou o líder do PST.
Além dos socialistas timorenses, integram a plataforma o Partido Republicano (PR), o Partido Democrática República de Timor (PDRT), o Partido Democrata Cristão (PDC, de António Ximenes, que promoveu a ideia da plataforma), a União Democrática Timorense (UDT), o Partido Milénium Democrático (PMD) e o Partido Nacionalista Timorense (PNT).

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Resultados das Eleições Legislativas

Resultados divulgados no dia 5 de Julho de 2007 pela Comissão Nacional De Eleições da República Democrática De Timor-Leste

Nas eleições legislativas de 30 de Junho de 2007, a UDT obteve os seguintes resultados:

DISTRITO

VOTOS

Percentagem

Aileu

135

3.6%

Ainaro

293

7.9%

Baucau

185

5.0%

Bobonaro

372

10.0%

Covalima

99

2.7%

Díli

483

13.0%

Ermera

913

24.6%

Lautém

189

5.1%

Liquiçá

220

5.9%

Manatuto

318

8.6%

Manufahi

197

5.3%

Oécussi

168

4.5%

Viqueque

141

3.8%

TOTAL votos válidos3

3 713

Totais Nacionais:

Total de eleitores registados 529,198
Total de boletins 426,237
Total de votos contados 426,190
10
Total votos válidos 412 679
Total votos brancos 3,279
Total votos Nulos 9,688
Total votos Reclamados 544

Segue-se a Lista de resultados de cada partido

LISTA

VOTOS

Percentagem

UNDERTIM

13,127

3.2%

CNRT

99,455

24.1%

PR

4,370

1.1%

PDRT

7,663

1.9%

PDC

4,279

1.0%

UDT

3,713

0.9%

PD

46,677

11.3%

PMD

2,855

0, 7

PST

3,959

1.0%

ASDT-PSD

65,004

15.8%

AD KOTA-PPT

13,157

3.2%

FRETILIN

119,728

29.0%

PNT

9,939

2.4%

PUN

18,753

4.5%

quinta-feira, 28 de junho de 2007

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Conferência de Imprensa da UDT


Não conseguimos ir a Oécussi porque a UNMIT não cumpriu a sua parte, apesar de ter dado a garantia de transporte aéreo para dez pessoas. Na sexta-feira, de tarde, a UNMIT participou que só havia lugar para duas pessoas, sem garantia de regresso. Antes porém, a UNMIT disse a outro partido que nos solicitasse um lugar para que o líder desse partido se pudesse deslocar a Oécussi, sugerindo-lhes que nos disponibilizassem um ou dois lugares para o regresso.
Esqueceu-se de esclarecer que não havia os tais dez lugares com que se havia comprometido.
Ontem em conferência de imprensa, o Presidente do CSP da UDT pediu desculpa à população de Oécussi e, estabelecendo um paralelo com o comportamento da UNTAET, denunciou o tratamento diferenciado que a UNMIT pratica relativamente aos vários partidos políticos.
Para além desta última ocorrência, João Carrascalão recordou que a campanha da UDT se fez pelo país todo sem um único incidente, realçando contudo que isso se deveu à atitude calma da UDT, nada tendo pois a ver com a prevenção de um hipotético incidente se a UNPOL estivesse presente. Porque, afirmou o Presidente da UDT, o partido nunca teve escolta policial da UNPOL, ao contrário de outros partidos. João Carrascalão exemplificou com o corte de estrada que inviabilizou a ida da UDT a Laga. Na estrada juntaram-se mais de mil pessoas e a caravana da UDT permaneceu no local umas horas, sem que nada lhe tivesse acontecido não por acção preventiva da Polícia mas apenas por mérito próprio e da população daquela zona.
Outro dos pontos focados na conferência de imprensa foi a crise de liderança que, diz João Carrascalão, está em grande parte na origem da instabilidade e da violência que se vive em Timor.

Logo que nos seja possível, disponibilizaremos a versão áudio da conferência.

domingo, 24 de junho de 2007

O dia-a-dia da campanha



A UDT esteve em Baucau e Lospalos.
Não foi possível ir a Laga devido a corte de estrada.
Amanhã, deveríamos ir a Oé-Cussi.
Mas a UNMIT que, na sexta-feira, assegurara o voo aéreo para dez elementos da nossa comitiva, entre os quais dois jornalistas, decidiu recuar e, dando o dito por não dito, comunicou ontem, sábado, o cancelamento do voo, propondo como alternativa o regresso por barco.
Em carta dirigida à UNMIT e ontem mesmo entregue na sede no Obrigado Barracks, com conhecimento à CNE e aos STAE, a UDT, recorda que
“no passado dia 19 enviámos uma carta com o pedido e a lista de passageiros incluídos na comitiva da UDT para a deslocação a Oécussi onde, no próximo dia 25 de Junho, se realizaria um acto da campanha eleitoral da UDT, dentro dos prazos exigidos pela UNMIT para a organização do transporte aéreo a ser facultado a todos os partidos políticos.”
A UDT esclarece ainda que “Por não nos ter sido facultado o transporte aéreo solicitado - embora os prazos para a apresentação tenham sido por nós cumpridos - , a UDT comunica que manterá o calendário de campanha – justamente a ida a Oécussi no dia aprazado, o de 25 de Junho – mas destaca que não se deslocará ao enclave de Oé-Cussi porque a UNMIT não facilita nem assegura o transporte aéreo solicitado.”.
A UDT lamenta o facto, tanto mais que perdemos a oportunidade de nos encontrarmos com os nossos simpatizantes e filiados.
Por outro lado, a alternativa proposta pela UNMIT não tem muita razoabilidade. A viagem por barco demora algumas horas e o tempo é muito escasso. No dia 26 teremos de estar em Maliana, para onde deveremos partir de manhã bem cedo, regressando no próprio dia, uma vez que, no dia 27, fecharemos as nossas actividades de campanha em Gleno.

“””

A UDT esteve em Lospalos. Um dia preenchido com a tomada de posse da nova Direcção Regional e diálogo com a população local.
A política económica da UDT e a sua aplicação no distrito de Lautém, foi um dos pontos abordados pelo Presidente do CSP.
Para a UDT o desenvolvimento económico não pode nem deve estar de costas voltadas para as populações e deve ter em conta a preservação dos recursos ambientais e da cultura.
A UDT defende que o desenvolvimento económico e a preservação ambiental do país não são incompatíveis. Pelo contrário, do ponto de vista da UDT, há interdependência entre desenvolvimento sustentável e efectivo e preservação ambiental a que deveremos acrescentar respeito pela cultura, tradições, usos e costumes locais.
João Carrascalão falou sobre a importância da construção da barragem de Iralalara para o desenvolvimento económico do país, mas sublinhou que essa construção deverá respeitar a cultura local, uma vez que Iralalara tem um peso cultural profundo nas crenças da população da zona, sendo necessário que, qualquer obra tenha em conta os interesses culturais e históricos daquela região.
Com base nas especificidades do distrito de Lautém e à importância do desenvolvimento harmonioso entre os vários interesses culturais, ambientais e económicos, João Carrascalão falou ainda sobre a importância do turismo a ser implementado de acordo com um plano director que observasse todas as particularidades da região.
Por outro lado, o Presidente da UDT defendeu o melhoramento e o desenvolvimento de actividades como a agricultura e a pecuária, com o objectivo de melhor servir os interesses das populações daquela região.

“””

A UDT participou num debate sobre a Mulher realizado na sexta-feira juntamente com representantes de outros partidos.
Partindo do princípio de que todos nascemos iguais e que a igualdade entre o homem e a mulher está consagrada no artigo 17ª da Constituição, não há que incentivar uma nova sociedade em que a mulher tenha a supremacia sobre o Homem como contraponto ao que hoje acontece.
Maria Ângela Carrascalão explicou a política do partido e expôs os pontos de vista da UDT.
Entende a UDT que:

antes de estimularmos a mulher a participar na vida pública, é preciso consciencializá-la dos seus direitos como pessoa e incentivá-la a usá-los de acordo com a sua vontade.
A mulher deve valer pela sua capacidade intelectual, independentemente do género. A UDT não perfilha da ideia de aplicação das cotas tendo em vista o preenchimento de lugares por mulheres só por serem mulheres. No entanto, sabendo-se que há discriminação, o sistema de cotas só deverá ser promovido acompanhado de medidas que a valorizem.
A discriminação da mulher exige que haja, em paralelo, um sistema de discriminação positiva com execução de medidas profundas, pelo que a UDT aposta na implementação de medidas mais profundas como a educação e o ensino, tendo em vista a valorização da mulher e também porque é essencial que haja
mudança da mentalidade tradicional e conservadora própria do sistema patriarcal vigente.
O trabalho de sensibilização das mulheres para os seus direitos e para a sua participação na vida não deve ser apenas feito na cidade. Deverá abranger as áreas rurais.
O trabalho de sensibilização para a independência da mulher, para a denúncia de violência ou de outra situação discriminatória, terá de ser implementado a seguir a uma eventual atitude de libertação da mulher, de molde a assegurar a sua independência e a não permitir retaliações e vinganças do agente da violência.
Em conclusão, Mulher e Homem são ambos seres humanos e
são duas faces de uma só moeda, devem completar-se e andar de mãos dadas em todas as áreas da Vida.
Ao
Estado cabe zelar pela observância dos direitos consagrados na CRDTL, prestar atenção às discriminações e à violência e às razões que estão na sua origem e criar condições para a consolidação da participação da mulher na vida pública e política através de medidas estruturais e não apenas de circunstanciais.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A Plataforma Política da UDT


Conclusão

A Mentira Política, o 5º inimigo


Nos dias que hoje se vivem em Timor, a mentira política tornou-se vulgar. Surge como uma forma normal de estar, bem tolerada, grande parte das vezes incentivada, alimentada por quem se serve dos fracos para atropelar os outros, marginalizar o próximo e se perpetuar no Poder.
Os vícios identificados em 2001, continuam actuais. Nada melhorou. Pelo contrário, o campo para a mentira tornou-se mais fértil!
Na Plataforma Política da UDT, a Mentira Política constitui o 5º inimigo a abater do quotidiano dos timorenses. A demagogia, a hipocrisia, o cinismo, a omissão, o escamoteamento da verdade, a manipulação dos factos, o medo da História (passado) e a cobardia, os objectivos encobertos e falsas promessas são algumas das causas identificadas pela UDT.
A mentira política é a arma dos fracos para atingir um objectivo e mata a democracia!
É possível e desejável varrer da forma da vida dos timorenses o flagelo da mentira política, se houver transparência política, verdade, politização do povo, informação, honestidade, integridade moral, respeito.

As CAUSAS

Quando se pretende alcançar um determinado fim sem olhar a meios, utilizando caminhos tortuosos, desrespeitando os interesses do ser humano, do povo, recorre-se à mentira política, um estratagema bem usual nos países governados por ditadores.
O Mentiroso político socorre-se da demagogia, transmitindo habilmente aquilo que sabe de antemão ser do agrado de quem o ouve;
quando pretende conquistar alguém que possa utilizar para seu próprio bem, o Mentiroso Político sem qualquer tipo de escrúpulos, utiliza qualquer arma, porque o que ele pretende é ganhar a qualquer preço, chegar ao objectivo que traçou, atropelando todos para atingir o que quer.
Praticando a demagogia, o mentiroso político recorre à Hipocrisia, fingindo, simulando atitudes ou virtudes que não possui apenas para atingir o fim a que se propõe.
Quando alguém é hipócrita, pode estar muito sorridente ao mesmo tempo que tem uma faca apontada às costas do adversário.
O oportunismo que está naturalmente subjacente a este tipo de atitude do mentiroso político, só é possível quando o mesmo se torna cínico, sem escrúpulos, sem qualquer moral, apenas porque quer atingir o seu objectivo, utilizando descaradamente todas as artimanhas possíveis e imagináveis.
O mentiroso político tem necessidade de omitir, de esconder a Verdade porque, não sendo um ser com ética e honesto, sabe que apenas através da omissão consegue alcançar o que se propõe fazer.
Para além de omitir, o mentiroso político não se coíbe de escamotear a verdade, encobrindo os factos com subterfúgios, dando-lhe a interpretação que melhor sirva o seu interesse de chegar ao fim que pretende.
Ao escamoteamento da verdade, está sempre ligada a manipulação dos factos a que o mentiroso político recorre, engendrando, forjando e maquinando a sua versão da verdade, com o fim de chegar onde pretende.
O mentiroso político tem medo da História, tem medo do seu passado, tem medo de que lhe descubram a careca. Por isso, com maior ou menor naturalidade, utiliza todas as artimanhas para fugir ao tema, para não se falar no passado. É aí que os traços do seu carácter e da sua personalidade se revelam ao começar a mentir, a sua melhor arma para encobrir.
O mentiroso político facilmente se torna um Cobarde, desleal.
A Cobardia é a falta de coragem, de valentia. Um cobarde apenas se arma em "forte" quando está acompanhado por muita gente; sozinho, esconde-se, torna-se um medroso.
Todos estes pontos negativos existem nos seres humanos com objectivos encobertos.
A sua incapacidade para lidar com a verdade, com a frontalidade, leva-os a esconderem-se, a defenderem interesses menos lícitos, encobrindo os seus objectivos reais, mascarando-os da melhor forma que lhes aprouver na altura e que melhor sirva os seus interesses.
O mentiroso político promete mundos e fundos, sabendo que não pode cumprir nada. Promete facilmente tudo aquilo que sabe não poder cumprir, porque é irrealista, mas utiliza como forma de chegar ao que pretende.

As Formas de Combate

Existe outro tipo de ser humano. gente íntegra, leal, capaz de trilhar caminhos difíceis, sem recurso a atitudes indignas, com conhecimento dos problemas e sem virar costas às dificuldades, procurando chegar aos objectivos propostos de forma transparente, com rectidão.
Fazendo política com transparência, explicando o que é necessário fazer, de forma limpa, contando a VERDADE mesmo sabendo que determinada atitude pode não agradar a todos mas com a certeza de que o tempo se encarregará de demonstrar a certeza dos nossos passos;.
Temos de nos empenhar na politização do povo timorense, explicando as vantagens e desvantagens de cada atitude a tomar, procurando transmitir com transparência a ideia chave do que é possível ganhar sem necessidade de andar por caminhos tortuosos.
Um povo informado não deixa iludir-se com palavras fáceis, não deixa enganar-se, mesmo que lhes seja prometido o céu.
Um povo informado, que tenha hipótese de ler, de acompanhar as notícias, seguindo o que se passa no Mundo sabe que não há vitórias fáceis, sabe como defender-se dos mentirosos políticos, conhece as armas que utilizam.
Informando-se, o timorense não se deixará enganar.
Ser igual a si próprio, estar de bem com a sua consciência, sem recurso a atitudes ilícitas, ser escrupuloso, integro, sem procurar renegar os seus princípios, um homem honesto está defendido das manobras que o mentiroso político lhe queira impingir.
A integridade moral dará origem ao respeito.
Todo o ser íntegro é certamente um exemplo a seguir e merecerá o respeito dos outros seres humanos; o cidadão íntegro e honesto é respeitado por todos, como moeda de troca pelo respeito que este cidadão terá pelo seu próximo, respeitando-o como a si mesmo.
O povo viveu durante muitos anos sob um regime que se apoiava na mentira política. Está farto dela!
O povo sabe diferenciar entre um ser humano honesto e um mentiroso político e sabe que apenas com a verdade se chegará à vitória, vivendo em paz, numa democracia plena. Só os fracos se armam de mentiras para atingirem os seus fins políticos, minando, maquinando, matando a Democracia, que é imprescindível para o nosso Timor independente.

Fim

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Entrevista do Presidente do Conselho Superior Político da UDT, João Viegas Carrascalão

Com a devida vénia, transcrevemos a entrevista do Presidente do CSP da UDT, João Viegas Carrascalão, dada à Agência Lusa:

Eleições livres e democráticas vão levar algum tempo, diz João Carrascalão

O presidente da União Democrática Timorense (UDT), João Viegas Carrascalão, considerou hoje que ainda vai levar algum tempo até que se façam "eleições livres e democráticas em Timor-Leste" e que os escrutínios continuam a ter "resultados forjados".
Carrascalão acrescentou que nas eleições timorenses "o voto é livre, mas não é democrático", considerando que "existe intimidação na boca das urnas" e "no período pré-eleitoral".
"Explicamos aos eleitores o que é a mentira política e quais são as consequências. Ainda vai levar algum tempo até que se façam eleições livres e democráticas em Timor-Leste", sublinhou.
"As eleições continuam a ter resultados forjados, em que a população não vota conscientemente e em que há um voto intimidado", acrescentou o presidente do mais antigo dos partidos históricos timorenses.
"O povo vota em socialismo, em democracia cristã, em social-democracia, sem ter a mínima ideia do que é isso. Falamos em social-democracia e perguntam se isso é alguma coisa que se coma ou que se beba", referiu João Carrascalão.
João Carrascalão insiste que houve "fraude" na contagem que lhe deu o pior resultado dos oito candidatos às eleições presidenciais de 09 de Abril e afirma estar seguro de que a UDT vai ultrapassar "de longe" a fasquia mínima de 03 por cento de votação para eleger deputados nas legislativas de 30 de Junho.
Esse objectivo de "participação e visibilidade" é o horizonte da actual campanha da UDT, feita de encontros e "diálogos" com a população, como os que João Carrascalão realizou nos distritos e em três bairros diferentes da capital.
O presidente da UDT obteve 1,72 por cento da votação em 09 de Abril, com 6.928 votos, "menos do que o número de assinaturas dos militantes que apoiaram" a sua candidatura, sublinhou.
"A batota foi feita depois da primeira contagem. Nós verificámos que no distrito de Ermera eu próprio tinha mais de 4.000 votos e na contagem final tinha só pouco mais de 700".
Questionado por que participa a UDT num processo que considera viciado, João Carrascalão explicou que o seu partido "participa pelo exemplo e vivência".
A campanha das legislativas serve "também a educação cívica dos eleitores para futuras eleições que podemos ganhar e para renovar os quadros da UDT".
"Chamamos a atenção dos novos quadros de que a política está para ficar. Nós passamos, mas o partido fica. Estamos a pensar objectivamente em 2012 e de ter cadeiras suficientes para formar governo", declarou João Carrascalão.
"A UDT adaptou o seu programa e nota com satisfação que os princípios iniciados pelo partido em 1975 são hoje adoptados pelos outros, que reclamam para si a iniciativa".
João Carrascalão recordou que a UDT "tinha na altura três princípios fundamentais: unidade nacional, autodeterminação para a independência e rejeição da doutrina comunista em Timor".
"Hoje verificamos que, depois de perdermos 30 anos, toda a gente quer a unidade nacional. Se tivessem dado ouvidos à UDT, talvez já fôssemos independentes há mais tempo e não teríamos perdido tantas vidas", disse.
"Na altura, a UDT preparou um programa a médio/longo-prazo para preparar os quadros de Timor a serem eles próprios a conduzir os destinos da nossa população", referiu.
"Exigíamos a Portugal a preparação desses quadros porque nós não queríamos uma independência de costas viradas a Portugal. Ao fim de 30 anos, verificamos que Portugal continua a ser a base fundamental do desenvolvimento de Timor", adiantou o presidente da UDT.
"Isto demonstra que mesmo o partido que está no poder e que rejeitava a presença portuguesa, hoje segue estas linhas de orientação", referiu João Carrascalão, por referência à FRETILIN, o partido que protagonizou a guerra civil com a UDT em 1975.
"Há viúvas aqui em Bidau cujos maridos foram enterrados vivos pela FRETILIN ou levados para Aileu e massacrados. Ao longo do tempo, estas viúvas contribuíram muito para a independência, tirando parte do seu rendimento para sustentar a guerrilha no mato", declarou João Carrascalão.
"Até hoje, não há nenhum reconhecimento para elas. É isso com que faz que a UDT se agarre aos seus princípios e não perdoe a pessoas que acabam por esquecer a História e que procuram novos caminhos sem reconhecer que muita gente deu a vida por este partido".
João Carrascalão explicou na entrevista o seu "mea culpa" numa audiência pública da Comissão de Acolhimento, Verdade de Reconciliação como uma tentativa de "forçar os outros líderes a tomar consciência da sua responsabilidade".
"Não era justo estarem a culpar apenas a população e os timorenses de se voltarem uns contra os outros e procurarem sacudir a água do capote", afirmou o líder da UDT.
"O assumir das culpas da minha parte foi para ilibar a população de estar a ser acusada de ser a perpetradora da violência, mas essa violência nasceu porque a liderança os conduziu para isso".
João Carrascalão defendeu que, "quando a UDT fez o Movimento de 11 de Agosto (de 1975), não era um golpe de Estado", mas sim uma tentativa "de chamar a atenção de outros movimentos que tinham já preparado golpes para tomar o poder e para a irrealidade e irresponsabilidade desses actos".
"A lição não foi aprendida", acusou o presidente da UDT. "A FRETILIN voltou atrás até 28 de Novembro de 1975. Continuou-se com os mesmos objectivos e entrámos em períodos de convulsão interna que acabaram por originar a crise actual em que vivemos", acusou.
João Carrascalão afirma que o partido está disponível para entrar numa coligação depois das legislativas.
"Se a UDT tiver que jogar algum papel importante nessa altura, a UDT jogará esse papel e não se importará de fazer parte de um executivo que represente a vontade da maioria, para termos estabilidade em Timor como base fundamental para se poder pensar em desenvolvimento".